Uma paixão que ocupa espaços

28/03/2014 14:39

A leitura é uma das atividades que mais me atrai. Tenho por hábito reler as obras que me agradam, o que acontece com a maioria. Portanto, preciso sempre me suprir de livros: os que me auxiliam nos estudos, os que me ensinam, os que me socorrem nos momentos difíceis, os que me alegram, os que me distraem. Normalmente leio três, quatro, ou cinco ao mesmo tempo, o que significa que em cada espaço de casa tenho um livro (banheiro, cozinha, quarto, sala...). Com isso vou somando exemplares e em consequência todas as casas em que moramos, eu, marido e três filhos, obrigatoriamente necessitaram de um espaço para acomodá-los.

Quando solteira, dividia com minha irmã, Jianne, não só o quarto, mas a paixão pelos livros; Agatha Christie era nossa predileta, lembro-me de sua bela coleção com todos os livros dela. Aliás, o nome dos meus dois filhos-cachorros é inspirado na Dama do Crime: o detetive belga Hercule Poirot e seu irmão Achille (que na realidade é ele mesmo disfarçado).

Depois que minha irmã se casou consegui aumentar aos poucos minha biblioteca e tempos depois me casei também. Esta união alargou consideravelmente meu acervo: eu e meu marido juntamos nossas afinidades nossas vidas e, para meu deleite, nossos livros. De uns minguados trezentos volumes, meu, digo, nosso patrimônio saltou para a casa dos quatro milhares. - Não ligo nem um pouco se insinuarem que me casei por interesse.

Nosso primeiro apartamento tinha dois quartos, um deles transformado em biblioteca, para abrigar a quantidade de livros.  Com o passar do tempo a família aumentou, tivemos três filhos, consequentemente, os livros também, e, como disse antes, precisamos sempre de um lugar para acomoda-los todos: agora, livros e filhos. Mudamo-nos para um apartamento maior, três quartos - um para o casal, um para os filhos e um para os livros; nossa querida biblioteca que sempre chamamos carinhosamente de “bibli”.

Meus filhos cresceram dormindo num mesmo quarto para aprender a dividir o espaço entre si e também com os livros. Não era luxo, foi somente uma questão de prioridade. Aprenderam desde pequenos a apreciar a leitura. Em nossa biblioteca os livros que ficavam nas estantes de cima destinavam-se aos adultos e somente poderiam ser partilhados com a supervisão dos mesmos, mas os que estavam ao seu alcance eram para seu desfrute e deleite: gibis, histórias fantásticas e mirabolantes, contos de fadas.... Hoje são pessoas que falam e se expressam corretamente, têm um repertório vasto e uma visão incomum do mundo e das coisas dele.

Em nossa casa atual temos mais quartos e muito mais espaço, e contamos com um aposento para acomodar nossos livros; o problema é que a quantidade deles aumentou consideravelmente e apenas a bibli  não tem mais condições de abriga-los. Por isso, além do espaço a eles destinado, agora ocupam estantes na sala de visitas e de jantar, nos quartos dos filhos e do casal. Sem contar que, devido à minha maluquice de ler várias coisas ao mesmo tempo, ele continuam a ocupar os banheiros, a cozinha, a cabeceira...