Todo poder emana do Povo!!!???

27/10/2017 13:25

 

O jornalista  José Simão, que se intitula  “ Macaco Simão, o Esculhambador-Geral da República”, diz que o Brasil é o país da piada pronta e, de forma hilária, nos informa a bandalheira cotidiana e escancarada dos poderosos de plantão. Ultimamente ele tem dito que “nossos cari$$imos deputados não valem nada, mas custam muito; Ba$e aliada: baixo clero e alto custo”. Perfeito!

Por mórbida curiosidade assisti à votação da segunda denúncia – título de novela mexicana, segundo Simão. A vitória do (des)governo já era anunciada, afinal, segundo informa o jornal o Estado de São Paulo, a “soma das diversas concessões e medidas do governo negociadas com parlamentares da Câmara entre junho e outubro, desde que Temer foi denunciado pela primeira vez, por corrupção passiva, até a votação da segunda acusação formal, pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça pode chegar aos R$ 32,1 bilhões”. 

O capítulo desta novela, veiculada em rede nacional por rádio, televisão e demais redes sociais foi uma espécie de palanque para nossos caR$i$$ímos representantes. Quem não assistiu na integra pode ser informado pelos noticiários em seguida. Em tempos de informação globalizada, a internet – rede mundial de computadores – arquiva tudo o que é veiculado e basta uma busca para saber de tudo o que aconteceu, fica tudo registrado.

Em quinze segundos para cada “nobre” representante declarar seu voto uma minoria lacônica disse “sim” ou “não”; outros defendendo suas bases ou plataformas anunciavam o voto com palavras de ordem – invariavelmente o “Fora, Temer!” era o mais clamado pela oposição –. Percebi que alguns justificavam o voto pelo arquivamento da denúncia pregando a estabilidade política, protelando a investigação para o término do mandato de Temer, ou elogiando o “impecável relatório do jurássico Bonifácio, e outros anunciavam que estavam votando de acordo com a orientação do partido (desculpas calhordas para se justificar das cobranças dos eleitores???). Os deputados sem grande expressividade, o chamado baixo clero, mas de alto custo, enumeravam as obras que seriam feitas para suas regiões (seria um registro para as promessas fisiológicas das liberações das emendas futuras????).

Os nomes dos deputados, ao contrário do símio Simão que tirou “sarro” de alguns, não me causou estranheza. Ainda estão lá as gerações de Sarney, Andrade Maia, Cunha Lima, Viana, Marchesan, Caiado, Magalhães ...; há também as mais novas – ditas de esquerda –: Viana, Dirceu, Tatto, Genro. Segundo o site Congresso em Foco, a ONG Transparência Brasil divulgou um levantamento que concluiu que 49% dos deputados federais eleitos em 2014 tinham pais, avôs, mães, primos, irmãos ou cônjuges com atuação política – o maior índice das quatro últimas eleições. Como nada é por acaso, o maior índice dinástico concentra-se na região nordeste, seguida pela norte e centro-oeste do país e sem muitas alterações nas esferas estaduais e municipais.

Entre tantos nomes, o que ilustra melhor a tese dos elos familiares com o poder é o caso do relator da denúncia contra Temer: o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), que está no décimo mandato consecutivo, tem descendência direta  de José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838) e cuja família que se sucede em postos nas estruturas de poder desde o período colonial até os dias atuais.

Para o professor da UnB, Luís Felipe Miguel, conforme informa o site Congresso em Foco, “o processo eleitoral brasileiro é marcado pela desinformação e despolitização, pontos como o discurso e as propostas dos candidatos e mesmo a reputação ou a probidade do familiar que pede os votos não fazem diferença. “O que as famílias políticas controlam e legam na verdade são os contatos com financiadores, com controladores de currais eleitorais, com uma teia de apoiadores que disputam outros cargos, esse savoir-faire e esses recursos dão aos herdeiros uma série de vantagens nas disputas eleitorais”.  Entre tantos fatores o que se destaca para a manutenção dessas oligarquias no poder é o nosso sistema eleitoral, que por sinal, não foi tão alterado na dita reforma política.

No mais, o grande circo de Brasília – e em consequência no resto do pais, inclusive na mídia –, que apresenta a “fogueira das vaidades” de um projeto de poder que muda de roupagem, mas não altera sua essência, continua a representação da grande farsa da política tupiniquim e que é a reprodução da democracia ateniense: feita com o cidadão, para o cidadão e pelo cidadão. Leve detalhe: cidadão em Atenas era homem, rico e nascido na mesma.

Como diz o Zé Simão: Ueba, nóis sofre, mais nóis goza!

E vou pedir-lhe emprestado aquele colírio alucinógeno, porque hoje, só amanhã!