Solução doméstica

17/03/2017 05:34

 

Em excelente artigo, intitulado “O problema das drogas e a esperança islandesa” publicado no  dia 11/03, Carlos Eduardo Maia de Oliveira  discorre de forma lúcida sobre a questão do uso (e abuso) de drogas e álcool e nos apresenta  a bem sucedida experiência  da Islândia.

O enfrentamento desse problema – para além das questões moralistas –, é de natureza política e ética. Portanto, o caso islandês torna-se uma política pública, que envolve desde a pesquisa e analise dos dados – buscados na fonte – até a responsabilização dos setores sociais envolvidos e cria uma rede de proteção e prevenção. A oferta de atividades esportivas e culturais e a conscientização dos pais para que passem mais tempo com os filhos garantem o sucesso do programa, que foi expandido para outras comunidades europeias.

A brilhante explanação do professor Cadu, confesso, incomodou-me.

No âmbito das políticas públicas para infância e adolescência, nossa comunidade ainda engatinha, e, quando tenta se levantar derrapa – e tropeça – devido aos interesses que criam uma cultura de entretenimento que alia lazer e diversão ao consumo das chamadas drogas lícitas. Exemplos de incoerência é que não faltam: as escolas públicas de nossa cidade tinham um projeto de prevenção ao abuso de álcool intitulado “Cidade Responsável” patrocinado por associação de produtores de cerveja. Doutor Evandro Pelarin teve que enfrentar uma batalha judicial com o Ministério Público, levada ao Supremo, por conta de seu toque de “acolher”. Que diferença da Islândia!

Se as políticas públicas patinam e muitas vezes colidem com os interesses corporativos das empresas de drogas lícitas e são massacradas pela indústria do tráfico, a “salvação” só poderá ser pela única via que ainda resta: a qualidade das relações parentais.

Se, afinal – como citado no artigo do Cadu –, os maiores responsáveis pelas crianças e adolescentes são os adultos e, se na esfera pública ainda não somos capazes de assumir essa tarefa, torna-se imperativo, e urgente, fortalecer os vínculos familiares.

Resolvido o incômodo: a solução deve ser doméstica. Fica decretado que aqui em casa teremos mais sessões de filmes com pipoca, idas ao fliperama, viagens, passeios.... tudo em família!