Sobre sonhos, perdas e ganhos

10/03/2014 14:38

Ao ser convidada pelo amigo João Leonel para colaborar com uma coluna para o jornal em que trabalha não tinha muita ideia sobre o que escrever.

Embora conheça um pouco de teorias e tenha muita experiência na área educacional, principalmente na educação infantil, não queria me prender somente ao tema em questão. Incentivada por meu marido, também colunista desse periódico, e pelos meus filhos, confesso que não tive como recusar. Apesar de sempre me esforçar para conhecer e compreender as coisas do mundo através das artes, da literatura, da pintura, da música e por ai afora, e, de ter o privilégio de conviver com pessoas com um vasto conhecimento e repertório cultural (em especial o Zé Renato, meu marido e parceiro com quem aprendo sempre e mais), confesso que estar em frente ao computador para compor um texto que será publicado é assustador, e adiei esse momento ao máximo. O que escrever? Falar de escolas e educação, de filhos e cachorros, de casa e jardim?  Novamente, foi João Leonel quem deu a dica: com tanta coisa publicada hoje na internet fica fácil achar assunto.

O que me inspirou foi a identificação imediata com a postagem ofertada por uma amiga de longa data e de quem agora só tenho contato pelo milagre da internet e através do famigerado Facebook, e que traduz com a perfeição e a precisão de um verdadeiro mestre o que vivo e o que me mantém viva: a ousadia de acreditar em meus sonhos. Sou movida por projetos e sonhos!   Segue abaixo o post:

"De nossos medos

nascem nossas coragens,

e de nossas dúvidas

vivem nossas certezas.

Os sonhos anunciam

outra realidade possível

e os delírios, outra razão.

E nas perdas

nos esperam os achados

porque é preciso se perder

para voltar a se encontrar."

Eduardo Galeano

Abandonei uma carreira de sucesso com reconhecimento e bom salário, inclusive, e as facilidades de uma vida estável, para seguir o que minha alma ansiava: ter mais tempo para minha casa e família, participar da criação de meus filhos como protagonista e não coadjuvante, poder estar juntos, próximos. O que não conseguíamos em uma megalópole como São Paulo.

As pessoas que conhecíamos afirmavam ser a maior loucura abdicar de carreira e salário para morar no interior – “Deixe isso pra depois que se aposentar”, diziam algumas delas; outras, entretanto, sem dizer diretamente confirmavam a minha insanidade –“Onde já se viu ir atrás de um sonho?” Desconfio de gente que protela seus projetos para o tempo futuro ou que apela para a praticidade de se ter os pés no chão. A grande maioria vive a ilusão, para não dizer covardia, de acreditar que postergando ou suprimindo seus sonhos possam proteger-se do tempo tédio vivido.

Passados quase quatro anos do que eu chamo de ruptura posso dizer que não me arrependo em momento algum ter deixado para trás tantas coisas que nos estabilizavam aos olhos da maioria dos comuns mortais. Na contabilidade de nossos corações os créditos foram muito maiores; em família, continuamos com alguns conflitos que são extremamente necessários a todo o tipo de convivência, aprendemos cotidianamente a nos conhecer e nos compreender, e estamos próximos e juntos.  Não tem moeda que se aproxime do valor que isso significa para nossas vidas!