Santa invenção.

03/11/2016 23:45

 

Num rompante de indignação e raiva cancelamos nossa assinatura do jornal diário. Foram sete meses da mais absoluta abstinência.

Já tínhamos considerado a hipótese do cancelamento em outubro do ano passado quando da demissão do Xico Sá – que nas suas tortas linhas tratava do Fla-Flu eleitoral – defendendo que os jornais saíssem do armário e assumissem suas explicitas posições políticas resolveu declarar sua preferência pela Dilma e foi “censurado”. Mas, o vício falou mais alto, relevamos, e continuamos a receber o tal periódico (quando o entregador cismava de fazer sua obrigação). O caldo entornou de vez quando publicaram um editorial, em abril do ano da graça, pedindo a renúncia da presidente. “Que imparcialidade que nada, cancela essa m..., Zé Renato!” foi o que eu disse ao meu marido. E ele assim o fez.

No início, o torpor dos sentimentos anestesiava um pouco a ausência do Antonio Prata, do J.P. Cuenca, do Ruy Castro, do Cony e outros tantos. Passado um tempo, o desdém era a alternativa mais viável: nos livramos da chateação de ligar para o atendimento ao cliente para reclamar quando o entregador não cumpria sua obrigação. Precisávamos arrumar uma desculpa pra mentir pra nós mesmos.

Nossos domingos se tornaram insossos.

“Improvável leitor”,  quem se viciou nas tintas e folhas impressas da grande invenção, atribuída a Julio Cesar – a Acta Diurna – e aprimorada após a introdução da prensa por Johannes Gutenberg, não se contenta com meros textos lidos na fria tela de um computador. Depois de longa e tenebrosa hibernação resolvi sugerir – como quem não quer nada – que poderíamos considerar a hipótese de retomar nossa assinatura da Folha ao meu marido. Em exatos sessenta segundos, e sem hesitar, ele discou para o serviço do assinante e solicitou uma nova conta.

No dia marcado para a entrega do exemplar, o entregador falhou. Não esperei para a costumeira e ineficiente reclamação ao serviço de atendimento. Liguei para o responsável pela distribuição do jornal aqui na cidade e o problema foi imediatamente resolvido. Nossa “droga” diária está de volta. E nossos dias, principalmente os domingos, repletos,  completos. Santa invenção!