Raízes e Asas

23/02/2018 10:22

 

A natureza dota suas criaturas de instintos que as capacitam para a sobrevivência da espécie. No caso dos pássaros, quando nascem os ninhegos – que é como são chamados os seus filhotes enquanto estão no ninho – os pais trabalham exaustivamente entre idas e vindas para alimentá-los; são intermináveis horas dedicadas à captura de insetos e minhocas levados aos bicos dos pequeninos que precisam da proteína desse alimento para se desenvolverem rapidamente.

Assim que crescem – cerca de duas semanas mais tarde – são literalmente empurrados do ninho para que aprendam a voar. O ninho que serviu de abrigo para o nascimento e crescimento é também um lugar perigoso, atrai predadores. Daí que quando estão prontos são incitados a exercitar as asas e ganhar o grande trunfo da liberdade do voo.

Naturalmente somos diferentes dos pássaros, mas a experiência desses pequenos seres pode nos trazer uma grande lição.

Os pássaros ensinam que os filhos precisam sair do ninho e arriscar-se, ousar voar. Muitas vezes, por medo, excesso de zelo ou apego adiamos o bater de suas asas na tentativa de evitar que sofram com a inexperiência. Corremos o risco de torná-los dependentes do alimento e do abrigo prendendo-os ao ninho e fazendo-os criar raízes – que são importantes, mas impedem a alegria da descoberta do voar.

Meus filhos: a bela e meiga Sophia e o introspectivo e amoroso Perseu foram empurrados do ninho. Assim como a irmã mais velha, a intrépida e ousada Isabelle, vão aprender bater suas asas na universidade e se preparar para a grande aventura da vida. A primeira ousou voar longe, foi para outro estado; o segundo resolveu que prefere o voo rasante – apesar da opção de ir com a irmã mais velha –, escolheu ficar perto do ninho.

Enquanto pais (eu e meu marido) que possamos compreender, que como a natureza e os pássaros, devemos permitir-lhes o voo, amparando-os nos acidentes de percurso, que certamente virão.

E que nossos filhos aprendam que suas asas lhe permitirão aprender com o voos e que nunca esqueçam de suas raízes.