O que é a Moral?

21/11/2017 15:28

A semana passada encerrei o texto da coluna com uma indagação, pautada em Nietzsche, postulada a partir de uma série de observações, com as quais discordo. Todavia, não significa que concorde com todas as outras, muito menos que seja obrigado a aceita-las.

A pergunta foi a mesma que intitula esse texto.

Volto ao assunto, em virtude de aquele ter produzido dissabores: uma amizade de trinta e dois anos foi rompida. Motivo: discordâncias ideológicas. Ainda que possa parecer uma razão insuficiente para – entendo que é -, tornar-se, digamos, aceitável.

No entanto, o problema não é esse, sim, uma confusão conceitual: moral e ideologia, a meu ver, misturaram-se. São bem distintas.

Com efeito, moral são hábitos, regras, normas de convívio, afetadas e mutáveis, de acordo com tempo e culturas. Portanto, variáveis. Não confundir com ética, na medida em que, moral são valores particulares, enquanto a outra é universal.

Ideologia é um conjunto de propósitos, com os quais se pretende, apresentar algo com uma “verdade”, de tal maneira que, lançado, não permite a reflexão. É um discurso vazio, premeditadamente vazio, que apenas leva a reprodução de uma ideia. Por exemplo: “A Educação é um direito de todos”. Dito assim, não há discordâncias. Contudo, uma análise, uma crítica detida, permite que se verifique que o aquilo que se nomina todos, não são todos, porém, alguns, em face de existir no Brasil uma brutal diferença entre aquilo que se oferece aos desfavorecidos e aquilo que se apresenta à elite.

Praticado e repetido à exaustão, passa a “fazer parte” do cotidiano. De comum é naturalizado.

É imperativo que entendamos, todavia, que uma crítica ideológica, a uma determina postura ou ação, não isenta moral e eticamente outras que tenham cometido algo igual ou semelhante. Como diz o ditado popular: um erro não justifica o outro.

Ora, por questões ideológicas, posso me permitir a uma crítica a alguém ou um partido, sem que, com isso, esteja endossando atitudes semelhantes de outra pessoa ou partido. Reservo-me o sagrado direito de criticar quem entenda que deva criticar.

Evidente: se critico, estou preparado para ouvir réplicas. Sem problemas.

Ainda se critico um e não o outro, não quer dizer que seja moralmente igual. Apenas escolhi uma situação, para dela tecer comentários. Somente isso.

Querem algo mais palatável? Se critico o PSDB, não significa que concordo inteiramente com o PT. Os ácidos comentários endereçados a um, não isentam o outro.

São discordâncias ideológicas, não morais.

Pensando bem: o que é a amizade?