Lou Reed Live

25/01/2014 14:22

Segunda-feira 28.10, senti-me muito triste. Ao acessar a internet, a fim  de ler meus e-mails e sítios de notícias, deparei-me com a chamada: no Domingo (27/10) morreu Lou Reed. Vitimado por problemas no fígado, após, inclusive, a submissão de um transplante do órgão, há poucos meses (Abril).

O amargor e a tristeza atingiram-me. Confesso que não sou um ouvinte diário de suas músicas – nem ouço música diariamente. Todavia, guardo com carinho o ano de 1975, na casa de meu amigo/irmão Mateus, na Rua Treze de Maio, em São Paulo, quando nos sentávamos, eu, ele e meus irmãos, para ouvirmos música. Iniciávamos no rock. Num desses dias, degustamos um LP denominado “Lou Reed Live”. Foi chocante. Diferente, pois, acostumamo-nos às porradas de Led Zeppelin, Deep Purple. Era um som cortante, ácido, pesado, mas também lírico. Solos de guitarra invulgares e dilacerantes.  As letras de uma poesia, para a época, muito diferentes, incomuns. Adorei “Vicious”, “Satellite of Love”, “Walk on the Wild Side”.

Inclui Lou Reed no meu repertório. Passei a ouvi-lo e acompanhar seu trabalho.

Foi punk antes dos punks. Precedeu uma série de movimentos, de rótulos, sem sê-lo ou preocupar-se em sê-lo. Foi acima de tudo, um grande músico, um grande compositor, um grande letrista.

Polêmico. Odiava Jim Morrison (1943-71) e os hippies. Adorava os beats, cuja poesia basilou sua letras.

Nos últimos anos dedicava-se a poesia. Em 2011 a “Ilustríssima” publicou longa entrevista, na qual discorria acerca de poesia, em particular de poetas da Catalunha, pelos quais nutria respeito e admiração. Produziu poesia também.

Surgido na cena musical na segunda metade dos anos sessenta do século passado, produziu estrondos ao lançar-se, juntamente com John Cale e o Velvet Underground. Mudou o rock. Tirou-lhe qualquer resquício adolescente. Suas letras abordam o submundo nova-iorquino. Suas musas: travestis, cafetões, junkies de toda ordem e desordem, enfim párias da sociedade.

Com oscilações de venda e qualidade, seus trabalhos nunca deram-lhe prêmios. No entanto, nunca preocupou-o . Não fez concessões. Gravou e cantou somente o que quis.

A meu ver sua obra prima foi lançada em 1987, “New York”. Belíssima crônica daquela cidade. Letras fortes e diretas. Som cortante, leve, pesado. Porrada e lirismo. Puro rock. Para todo aquele que diz gostar de rock, audição obrigatória. Para quem gosta de música com qualidade, é mister degustá-lo.

Angústia e tristeza maiores é constatar que os grandes gênios estão morrendo e medíocres e bossais nascendo em escala gigantesca.

Purifiquemo-nos. Lou Reed ainda Live.