God, save the music.

05/09/2017 07:43

Quarenta anos!

Isso mesmo. Passaram rápido.

Uma ruptura na cena musical: Sex Pistols.

Sei, a banda é de 1975. Porém, somente vale após dois anos. A razão? A entrada de Sid Vicious.

Virtuose da música? Não! Virtuose do caos. O som e a fúria juntos. Tanathos e Eros, Apolo e Dionísio. Razão, loucura e êxtase.

Sid é a cara do pós-sonho dos sessenta.

Anarquia! Guerra à mediocridade! Guerra à mesmice! Guerra ao tédio. Cusparadas e vômitos.

A crueza, a simplicidade de acordes precários são a tônica virtuosa desses “filhos do apocalipse”.

É evidente: menção justa e merecida a seus mentores intelectuais: Ramones. As sementes, as larvas do vulcão foram lançadas por eles. Coube aos Pistols, despejá-las.

Se o mundo não apontava para nada, se a única certeza era a incerteza, por que os jovens, herdeiros das mazelas dos supostos adultos, deveriam limpar a sujeira e a podridão?

Duas grandes guerras, ditaduras, nazi-fascismo, fome e miséria, eis o legado da “idade da razão”.

“... Tudo menos ter razão. Tudo menos ceder ao humanitarismo. De que serve uma sensação, se há uma razão para ela? ” (Fernando Pessoa).

Faz quarenta anos. “God Save the Queem” entoado de forma vigorosa e provocativa.

Recordo-me do belo e sensível filme de Alex Cox, o qual aborda a tumultuada relação entre Sid Vicious e Nancy Spungen. Lírico e melódico, trata de maneira leve a pesada relação de ambos, em meio a eclosão do Punk. Sem preocupações moralistas e simplistas, a película apenas mostra um jovem em busca de algo, do qual não faz ideia; perdido, traduz seus dramas – que são de todos os jovens – numa revolta com causa, talvez sem compreender o sentido. Uma busca de não se sabe o quê. Mas uma busca. O que sobra? O caos, a dor, a amargura daqueles que ousam e lançam os dados, dionisiacamente.

Vicious é a cara dos Pistols. Vicious é a cara do Punk. Vicious é a cara da revolta.

Descanse em Paz!