Escola de Princesas e Plano de Menina

28/10/2016 00:13

 

Assunto comentadíssimo na semana que passou: inauguração da franquia “Escola de Princesas”. Trata-se de um curso para meninas e que tem o propósito resgatar valores conservadores e ensinar as garotas como se portar dentro das regras de etiqueta. Idealizada por um casal de Uberaba a tal escola, que já tem três unidades no estado de Minas Gerais, virou franquia que foi comprada pela filha numero cinco do apresentador Silvio Santos, Silvia Abravanel.

Segundo informações do site “Catraca Livre”, a escola, que ensina culinária, etiqueta e dicas de moda e beleza e é focada no público feminino de quatro a quinze anos e coloca o casamento como prioridade na vida de uma mulher, à frente, inclusive, da própria carreira profissional: "o passo mais importante na vida de uma mulher, sem dúvida nenhuma, é o matrimônio. Nem mesmo a realização profissional supera as expectativas do sonho de um bom casamento". Ainda segundo a fonte o projeto tem sido alvo de controvérsias  “por direcionar o ensino de tarefas domésticas apenas para meninas. Além disso, ensina a meninas como elas deveriam "se portar" ou "se vestir" adequadamente”.

Ao pesquisar mais sobre o assunto, também na página do Catraca Livre, me deparei com outra matéria sobre um projeto cujo objetivo é inspirar jovens de treze a dezoito anos a colocarem seus planos em ação. Trata-se de uma plataforma de conteúdo, mídia e consultoria criada em 2010 pela jornalista Viviane Duarte, intitulada “Plano Feminino”. O site nasceu para criar conexões relevantes entre marcas e consumidoras. Além disso, tem como objetivo desconstruir estereótipos e empoderar mulheres por meio de projetos e ações com propósito, realizando consultorias e reposicionando mensagens que fazem sentido para as consumidoras.

Nesse ano lançaram o “Plano de Menina”, projeto que tem por objetivo  conscientizar garotas que vivem em bairros periféricos de cidades do Brasil. Todos os sábados, serão realizados workshops e brincadeiras educativas para as meninas discutirem temas como autoestima, sexo, educação financeira, liderança feminina, tecnologia e empreendedorismo. Por enquanto, o projeto está apenas nas comunidades de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a intenção é aumentar o alcance a partir de parcerias com outras marcas.

Viviane Duarte, afirma: "Falar de empoderamento é ainda mais poderoso quando estamos realizando algo fora das mídias sociais. Queremos nos tornar agentes de transformação por meio de iniciativas que promovam a educação e a realização de planos de meninas e mulheres de todo Brasil". Em pouco tempo de existência, o projeto conseguiu o engajamento de muitas meninas. Em uma escola no bairro do Grajaú, em São Paulo, o projeto conseguiu a adesão da maioria das duzentas meninas envolvidas. Segundo a idealizadora essas meninas “querem voz e vez e merecem ter acesso à informação e oportunidades que as levem para além das dificuldades e exclusão que enfrentam no dia a dia".

A consulesa da França, Alexandra Loras – que luta contra o racismo e pela inclusão social, é a embaixadora do projeto – em comunicado à imprensa disse: "o conhecimento é um importante agente de transformação e queremos ser este canal”.

O núcleo de conselheiras do "Plano de Menina" é formado por jornalistas, sociólogas, economistas, estilistas, publicitárias, executivas e empreendedoras. A ideia é criar um banco de talentos à disposição das garotas.

Entre a “Escola de Princesas” – de caráter estritamente comercial, consumista, conservador e reacionário – e o “Plano de Menina” – engajado, contemporâneo e transformador – espero que possamos algum dia alcançar o ideal: uma “Escola de Gente” – em que as pessoas, independente de gênero, credo ou condição social, possam atuar de forma responsável, solidária e fraterna.

Por enquanto, prefiro o segundo projeto!