Arraiás Solidários

01/07/2016 07:44

 

O mês de junho é sempre comemorado com muita festa.

A colonização portuguesa em nosso país importou o costume cristão da comemoração de três santos: Antonio, João e Pedro. Muita comida, bebida, dança e festança.

A origem dessas festas, no entanto, é anterior à influência religiosa. No hemisfério norte a tradição antecede a dominação católica. Os rituais de celebração da fertilidade, ligados à agricultura e à colheita, remontam a origem desses povos. Eram rituais de gratidão pela abundância, ou que pediam por ela.

Egípcios e celtas – dentre muitos outros – e posteriormente gregos e romanos comemoravam nesse período uma importante data astronômica: o solstício de verão, que marca o dia mais longo e a noite mais curta do ano, e que ocorre entre os dias 21 ou 22 de junho. Os rituais eram organizados para pedir fartura nas colheitas e eram comemorados com uma tradicional fogueira. A Igreja Católica, como não conseguia combatê-las, apropriou-se da popularidade dessas festas e introduziu a celebração a seus santos;  assim como fez com o Natal, mas essa é outra história.

O fato é que por aqui nós aproveitamos a comemoração e muito.

As diversas instituições organizam festas, reúnem pessoas em torno de uma causa e de quebra arrecadam um dinheirinho. Paróquias, entidades beneficentes e escolas se mobilizam para oferecer uma bela celebração.

Com a comemoração junina vivenciei algumas situações de solidariedade (ou de falta dela) que foram verdadeiras lições, aprendizado que vou levar pra vida inteira.

No dia 17, depois de um longo dia de trabalho e por não dirigir, fui direto para o teatro municipal, na expectativa de conseguir um lugar para assistir “Madame Butterfly”. A fome começou a apertar. Na fila, em conversa com minha tia Marta e a amiga Ormy Angelucci, falávamos sobre o “Arraiá Solidário” que acontecia la na praça da Matriz. Quando soube da minha situação, imediatamente Ormy ofereceu-me o potinho de cural que havia comprado para levar pra casa. Satisfeita, pude assistir ao espetáculo com o estomago e a alma repletos.

Para a organização da festa de uma das escolas em que trabalho presenciei outras demonstrações que vão além da gentileza: pais, alunos, professores e funcionários se juntaram para  oferecer seu tempo e dedicação. E a querida amiga Maria José Pessuto, da Unati, dividiu conosco preciosos objetos de sua própria casa para a decoração do salão e nos socorreu em momento de apuro quando lembramos que para a realização do bingo faltava o principal.

Nem me preocupei quando uma escola concorrente não deixou parte da decoração de sua festa para que a Unati usasse, porque nossa festa estava entre ambas. Para além da tradição, as festas juninas desse ano me fizeram entender que não existem meias palavras nem meias atitudes.

Não existe meia gentileza, meia solidariedade, meia ética. Ou somos inteiros ou não somos.