Amandla Madiba
Bertold Bretch (1898-1956) é autor de um famoso poema, no qual finaliza: “mas há os que lutam uma vida toda, e estes são imprescindíveis”. Com certeza, Nelson Mandela é um exemplo dessa assertiva. Alguém cuja vida foi marcada por uma luta incessante contra a intolerância e o execrável regime de segregação sul-africano. Depois de vinte e sete anos em numa prisão, para a qual foi com a condenação perpétua, retornou sem ódios, rancores e resentimentos.
Isso é Nietzsche? Penso que sim.
Mandela ergueu uma nova nação, um novo Estado, nos quais não havia espaço para esses sentimentos “humano-demasiado-humanos”. Virou-se uma página como se diz; não um recomeço e sim um novo começo.
O grande cidadão do mundo, a meu ver, foi além de perdão, pecado e culpa; busca de inimigos. Em nome de um projeto maior, desprezou sentimentos que apequenam e amesquinham o ser tornando-o doentio, culpado e fraco. “Sem potência”. O veneno de sua história – de luta e dor – somente tornou-o mais forte.
Na sensível película de Clint Eastwood, Invictus, é possível medir parte de sua incomensurável dimensão; bem como, no emocionante filme de Richard Attenborough, Cry Freedon, constata-se seu legado por meio da luta de seu substituto (na verdade Mandela é insubstituível), aquele que ocupou seu lugar enquanto estava preso, Steven Biko.
Nelson Mandela foi aquele que tornou realidade, tudo que apregoava e defendia Martin Luther King: negros e brancos trabalhando e orando juntos.
“Ninguém é mais que sua vida”, ensina-nos o existencialismo. Assim, a vida de Mandela é um legado suficiente de termos e conceitos que são repetidos de forma proselitista, mas que nunca foram introjetados no geral.
Resta-nos a saudação de seu povo, que universalizou-o como arquétipo de humano e exemplo de integridade, ética e moral: Amandla Madiba!