A lição sabemos de cor, só nos resta aprender.

17/06/2016 00:29

 

As várias noticias que são veiculadas na imprensa, seja em nível local, nacional ou mundial, muitas vezes nos leva a crer que estamos vivendo mesmo tempos apocalípticos. Corrupção, desmandos, injustiças, terrorismo, intolerância, assassinatos, estupros e por ai vai....

E eu me pergunto, será mesmo o fim dos tempos? Dúvido!

Revendo a história de nossa espécie podemos perceber que nos seus primórdios, o ser humano se organizava em bandos nômades que viviam da coleta e da caça; os que nasciam com alguma deficiência, ou diferentes ou mais fracos, eram deixados para trás para não comprometer o grupo – como faz a maioria dos animais até hoje.

A partir do momento em que descobriu que podia cultivar seu alimento o homem passou a se fixar ao local mais propício para isso, desenvolvendo técnicas e modos de organização social cada vez mais complexos. Os diferentes, deficientes ou mais fracos, na maioria das vezes, continuaram a ser ou exterminados, ou deixados à míngua ou submetidos. Como avanço dessa complexidade  surgiu a necessidade de se organizar uma espécie de código de conduta para pautar a convivência, que muitas vezes, foi suprido pela religião e, posteriormente, pela legislação. O Código de Hamurabi dos sumérios da antiga Mesopotâmia, atual Irã, as Tábuas da Lei, atribuídas a Moisés, para reger a vida dos hebreus e o Direito Romano são exemplos significativos da antiguidade; posteriormente – e com mais alterações sociais, políticas, econômicas e culturais – surgem a Bill of Rights (Declaração de Direitos) na Inglaterra, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão na Revolucionária França do final do século XVIII. Claro que houve mudanças, mas não grandes transformações, ainda existiam muitos excluídos – mulheres, pobres e outras minorias que o digam.

Foi preciso um extermínio em massa, movido pela ascensão de um ideário nacional socialista personificado por ditadores ególatras, ao final da primeira metade do século passado e que levou o mundo a uma guerra sem precedentes para dar vazão à necessidade da criação de uma Declaração Universal dos Direitos Humanos – agora não somente do homem – em 1948, e que mobilizou lideranças de todo o planeta a realizarem um pacto internacional sobre os direitos a que todo ser humano precisa ter.

A quase septuagenária DUDH pode parecer velhinha, mas do ponto de vista histórico ela é extremamente atual, contemporânea. E, apesar dela, continuamos a testemunhar cotidianamente o extermínio, a exclusão e a subjugação dos diferentes, divergentes, deficientes...

Se a história se repete é porque necessitamos urgentemente experienciar cotidianamente dois preceitos básicos – e caros – a todas as ciências e religiões: o Estranhamento e a Alteridade. Ou seja, reconhecer no outro suas peculiaridades e diferenças, identificando-o, percebendo-o, compreendendo-o, reconhecendo-o, valorizando-o e acima de tudo respeitando-o, porque “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”.