A gente não somos inútil

Nos estertores da “Mostra Estudantil” e do próprio ano corrente, é possível operarmos uma espécie de “balanço”, a fim de aferirmos o que ocorreu em termos de “produção cultural” no município. Externei minha opinião, quanto a apresentações anteriores ao epigrafado. Não volto ao tema, apenas utilizo-me para desvelar uma questão: é pouco. Mesmo não tendo assistido a todo o programa cênico que ainda ocorre, também infiro: podemos mais.

Há material humano, ideias, talentos e vontades em profusão. Acima de tudo: existe um público, carente e a espera de espetáculos de qualidade. Público e plateia são resultados de um processo de educação e cultura. Prática, hábito, exposição. Exercício constante, pedagógico, de ensinamento. Mostra-se aquilo que é bom. Ninguém fica incólume. Emociona-se. Acostumar-se à qualidade é fácil.

Imperativo é a assunção do poder público à tarefa de apresentar eventos, de apoiá-los. Enfrentar dificuldades, eu sei. Nesse país, cultura é supérfluo. Ainda mais se tratando da erudita. “O povo não está acostumado”, diria um beócio qualquer. Porque não tem acesso. É-lhe ofertada apenas a televisão, e/ou no máximo “espetáculos” que beiram ou são o próprio ridículo.

Experimentem. Inovem. Encorajem-se. É possível.

Existe um horizonte muito mais amplo e belo, para além da Exposição.

Nossos jovens mostram e mostraram isso. Nas linguagens cênica e musical, por exemplo.

Por que não pensarmos num experimento de cinema? Gente para isso há. Em qualidade, principalmente.

Que tal atividades literárias? Conheço muitos que numa fração de segundos mobilizar-se-iam.

Senhora Prefeita, Senhor Secretário de Cultura: nós que aqui estamos por vós esperamos. Vivos, não da espera alienada e nadificada; porém, da espera de Esperançar, como dizia o querido Paulo Freire. Estamos prontos. Temos Ideias, Vontades, Quereres e Urgência.

A gente já sabemos escovar os dentes. A gente já sabemos votar pra presidente. A gente já aprendemos jogar bola e ganhar.

A gente não somos inútil.