A Festa (?) mais (im)Popular da Terra.
Acabou! Que ótimo.
Mais um ano livre.
Odeio o carnaval!
Explico-me: deixou de ser uma festa, muito menos popular. É apenas um tempo no qual a elite brinca de ser povo. Ele – o povo – fica à margem. Somente é chamado no momento da faxina, ou, no caso das famigeradas e chatíssimas “escolas-de-samba” para empurrar os ditos carros-alegóricos.
É uma insuportável alegria artificial. A ordem é: alegria a qualquer preço.
Pior é o trabalho dos jornalistas: cobrir desfiles de blocos ou das escolas. Perguntar coisas como: “- O que você está achando do carnaval?”; ou ainda: “- Você gosta de carnaval?”
Talvez as perguntas não sejam tão estúpidas assim, todavia, não diferem muito.
Mais imbecíl ou tanto quanto, são os desfiles: horas intermináveis de diferentes mesmas coisas. Um som insuportável, as mesmas caras, as branquelas ricas, globais, e “famosas” que surgem de última hora para “sambar”.
Durante o “desfile”, o suprassumo da babaquice: os comentários acerca do “enredo” e das “alegorias”.
Dá nojo.
Parece-me que os desfiles de fantasias morreram. Menos mal.
Na Bahia, para correr atrás dos trios elétricos, é preciso o abadá. Custa cinco paus!
Lá colocam tapumes, próximos aos hotéis nos quais a elite se hospeda, para que não haja o risco de contato com a plebe. Além disso, há a presença ostensiva de policiais e seguranças privados, a fim de evitar qualquer possibilidade de contato com a plebe.
Nos ditos sambódromos, camarotes e preços absurdos. Pobre não passa nem perto.
Bailes de carnaval? Impossível. Preços abusivos. Expulsam o povo.
Como o povo se “diverte”? Pela televisão ou em locais distantes da elite, no alto de uma arquibancada.
Há mais de trinta e cinco anos, gostava e brincava o carnaval. Era uma festa popular: preços de bailes acessíveis; carnaval de rua para o povo. Curtia-se.
Hoje, uma pálida amostra foi o ocorrido no Rio de Janeiro: em meio a “alegria contagiante”, os marginais promoviam arrastões, furtos, roubos e homicídios, com total inércia do poder público.
Isso é festa?
Quanto aos desfiles, recordo-me de Joãozinho Trinta, certa vez, promoveu um enredo extremamente crítico e inteligente. Claro, não venceu.
Sem saudosismo: havia as marchinhas de carnaval, belas composições e músicas próprias, lembradas até hoje.
E hoje? Funk, axé, pagode...daí para baixo.
Não sobrou nada.
Não tenho saudade.
“...Foi um Rio que passou em minha vida...”
Salve Paulinho da Viola, gênio da raça.
Acabou.
Por isso, ignoro-o e desprezo-o.
Prefiro assistir as repetições de filmes na TV por assinatura.
Muita porcaria, às vezes uma bela surpresa.
Ontem revi “Goodfellas”.