A Cultura e a Comunicação de Massa

21/10/2016 15:36

Segunda-feira proferi palestra para os graduandos das licenciaturas da UNIJALES, na Casa do Poeta, na cidade citada.
Início da “Semana Acadêmica” desses cursos. O tema: aquele que dá título a essa coluna.

Resolvi iniciar com possíveis definições do conceito de cultura, como a soma de saberes e fazeres de um povo, acrescidos de sua língua. Portanto aquilo que lhe dá identidade.

Todavia, a Cultura se subdivide em uma dicotomia: Cultura Popular e Erudita. A primeira constituída dos saberes do povo, do cotidiano, do simples (Não simplista!). Não passa pelos livros e academias. Como exemplo, utilizei-me de um gênio da raça: Cartola. Demonstrei que a música produzida por um ex-lavador de carros, ex-contínuo da Câmara Federal, é rica em construções e proposições, poética e musicalmente.

Para contrapor apresentei a Cultura Erudita representada também pela música. A segunda, nascida dos livros, bancos acadêmicos e conhecimento formal. Forja-se nos ensinamentos legados pelos teóricos e estudiosos. Executei um trecho do “Réquiem” de Mozart, a fim de exemplificar aquilo sobre o qual explanava.

Em seguida, discorri acerca da sofisticação tecnológica ocorrida a partir do século XIX, em particular, abordei os meios de comunicação, telefone, cinema e disco; rádio e televisão no início do século seguinte.

Fí-lo, no sentido de destacar a imensa contribuição desses meios para difusão da Cultura, tanto erudita, quanto popular.

Dessa maneira um novo fenômeno é gestado: a Cultura de Massa. Quer dizer, aquela que se torna acessível à todos. Independente da condição socioeconômica e intelectual. Assim, os brancos dos Estados Unidos puderam conhecer, pelos discos e pelo rádio, o Jazz e o Blues. A princípio restrito ao público negro.

O cinema, nascido pelas mãos dos irmãos Lumiére, como experiência científica, se transforma em poderoso instrumento de entretenimento. Todo o mundo se encantou e adotou os rostos do britânico Chaplin e seu vagabundo e os norte-americanos Stan Laurel e Oliver Hardy e o “Gordo e o Magro”.

O início dos anos trinta do século passado gesta um dos maiores flagelos da humanidade: o nazi-fascismo. Essa aberração se fortaleceu por meio das imagens, epicamente desenhadas por Leni Riefesthal e Joseph Goebbels.

Simultaneamente, o capitalismo dava seus voos destrutivos. Em meio ao crescimento do nazismo e sua política racista, os eminentes professores da prestigiosa Universidade de Frankfurt, Adorno e Horkheimer, fogem para os Estados Unidos, para construírem sua grande contribuição intelectual para a humanidade. Em sua obra “Dialética do Esclarecimento”, trazem à tona o conceito de “Indústria Cultural”. Esse conceito chama a atenção para o fato de o capitalismo vislumbrar apenas o lucro. Vorazmente, portanto, tende a transmutar tudo em mercadoria, para, dela obter lucro.

Com efeito, todo o entretenimento vira mercadoria com a intencionalidade de ganho, de riqueza.

Uma nova subdivisão na Cultura, a Cultura de Massa por sua vez desdobra-se em algo de qualidade e algo sem qualidade. Quero dizer, alguns produtos, ainda que o sejam, permanecem, na medida em que, excelentes, mesmo que consumidos em larga escala, ficam. Pois, produzidos por gênios. Exemplos: os Beatles.

Outros, depois de gerarem gordas receitas, aos poucos, vão se desgastando, até o ostracismo.

Dito tudo isso, enfatizo que é papel ético e intelectual da Educação, básica e superior, desvelar ao estudante esse feixe de possibilidades, com o propósito de contribuição na elucidação da opção daquilo que deve permanecer, “daquilo que deve ser consumido”.

MASSA!

O resto é massa.